Noite mal dormida. A menina/mulher havia passado mais uma madrugada em claro escrevendo mais um texto, dentro de alguns outros que têm escrito ultimamente.
Este dia seria diferente dos demais, ela havia programado várias atividades para fazer.
Quando finalmente conseguiu pegar no sono o seu despertador tocou, colocando-a de pé para o início de um dia corrido.
Ao olhar no relógio reparou que havia dormido apenas 3 horas, mas mesmo assim não se sentia cansada, estava apenas com irritação nos olhos.
Se aprontou rapidamente para sair e seguir com sua primeira atividade do dia.
Retornou para casa e ficou à espera de seu segundo compromisso que era um almoço com seus amigos do antigo trabalho. Almoço esse que trouxe à tona os momentos alegres e os não tão alegres que haviam passado juntos no emprego anterior. Sentiu muita saudade daquele tempo e das conversas diárias que tinha com eles.
Após concluir sua segunda atividade do dia retornou para casa feliz, mas sentiu seu corpo um pouco cansado e o sono já começava a pesar em seu corpo, principalmente em seus olhos e no raciocínio.
Esse pequeno intervalo da segunda para a terceira atividade do dia começou a causar ansiedade, pois a terceira atividade era algo novo, desconhecido e não sabia como lidar com isso. Pensava em cancelar seu último compromisso porem lembrava dos motivos que a levava até lá.
Seu coração acelerava mais ainda a cada minuto que se aproximava do horário marcado. Passavam milhões de coisas em sua cabeça a respeito do que dizer e do que não dizer, como seria o diálogo e se realmente deveria dizer aquilo que viesse em sua mente e em seu coração, qual seria a melhor forma de expressar-se e o que pensariam dela depois disso.
Até que chegou o tão esperado e sufocante horário do último compromisso.
Chegou ao local com o coração querendo sair pela boca, ela suava horrores (coisa normal de quando se sentia muito nervosa e sem jeito), sentou-se em uma das cadeiras de espera informando a recepcionista seu nome e com quem havia agendado a consulta e cumprimentou educadamente as pessoas que estavam ao redor. Outra mania que ela tinha para disfarçar seu nervosismo.
Após uns 5 minutos de espera, que para ela pareciam horas, foi atendida e convida para ir em uma sala que pudessem ficar mais a vontade para conversar.
Era uma sala grande com um sofá grande muito confortável e tinham mais 2 poltronas que pareciam ser confortáveis. A pessoa que lhe atendeu pediu para que ela se sentasse onde fosse se sentir mais confortável. A menina/mulher olhou para os assentos da sala e pensou "Se eu puder voltar para casa e me sentar no meu sofá acho que seria muito mais confortável. rsrs" mas ela não podia mais recuar naquele momento e, então, resolveu se sentar no sofá grande.
A moça, que atendeu a menina/mulher, começou o diálogo se apresentando e explicando um pouco sobre seu trabalho. Logo em seguida passou a palavra para ela, a menina/mulher, se apresentar e dizer os motivos que a levaram até lá.
A menina/mulher olhou ao redor da sala novamente a procura de algum vaso para que pudesse enfiar sua cabeça, de tanto nervoso, medo e vergonha que estava sentido. Como no local não havia vaso, talvez por que já haviam pressentido que ela poderia fazer isso, ela começou a dizer sobre quem era (ou achava ser), sobre sua vida profissional e, principalmente, sobre sua família e como era a relação dela com eles.
O assunto entre elas ficou mais focado na parte familiar.
A menina/mulher quando se sentiu mais confortável começou a tagarelar sem parar e as vezes até se perdia no meio de tantos detalhes que citava achando que seriam úteis durante a análise. Quando ela perdia o foco do que estava dizendo diante de tantos detalhes se calava e passava a bola para sua psicóloga. E por incrível que pareça, esses pequenos intervalos que surgiam para a psicóloga faziam a menina/mulher pensar por horas e em trilhões de coisas ao mesmo.
Por fim, a consulta terminou.
Naquele lugar, a menina/mulher, sentiu como se estivesse em seu mundo paralelo. O mundo do qual ela havia criado para se sentir confortável, compreendida e acolhida.
Ela havia saído de lá muito incomodada e ao mesmo tempo aliviada. Era um incômodo positivo por que trazia a tona a explicação de tudo o que sentia e o que poderia ser feito para mudar.
Na volta para casa, dentro do ônibus, ela chorava feito um bebê. Era um choro de alegria misturado com alivio, confusão e frustação. Sentia que esse mundo paralelo que agora foi encontrado em seu mundo real iria lhe ajudar muito para mudar seus pensamentos, seus incômodos e suas atitudes. Encontrou ali esperanças, sentiu que não era a hora dela desistir de si mesmo e continuar seguindo atrás daquilo que desejava.
Ao chegar em casa, a menina/mulher, deitou-se em sua cama. Sentia-se mais aliviada. Deixou mais algumas lagrimas escorrerem antes de partir para uma longa noite de sono.